Páginas

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

336 km

São 1:33, o ônibus saiu com uma hora de atraso, um transito leve quase inexistente para a "Paulicéia" me pega no caminho, agora seguimos bem. Do meu lado direito um rapaz ronca, um homenzarrão que umas amigas iriam adorar e ele ronca com proporção ao seu tamanho, dou uma olhada vez ou outra, tenho essa mania quando alguém esta dormindo por perto, é um pouco por achar bonito e um pouco por querer estar capotada igual a ele.

Minha visão é essa telinha de 4 polegadas, o braços do homenzarrão que acabou de se mexer, as luzes dos carros lá fora, os outdoors e um relógio que fica variando hora, temperatura e a frase "Proibido Fumar".

66% de bateria eu mal comecei a viajar, vou parar de escrever me concentrar na vista, lá fora um breu sem fim, lembro de quantas vezes já fiz esse caminho muitas dessas vezes carregada de saudades, lembrei não sei bem por que da minha agenda eletrônica da minne, presente da minha madrinha acho que em 96 ou 97, senti saudade dos meus avós, dos natais das malas cheias de coisas da Barbei, pensei na Laura e no Gustavo, em como a vida segue e nos preenche com  novos sentidos.

Porra! a bateria já está em 62% nada do Rodoserv ainda, o grandão ronca como um porco não durmo nem que eu queira. Acabei de perceber que as palavras saída de emergência brilham em cima do meu banco, o que significa que se acontecer alguma coisa todos vem para o meu lado como boçais as 18h na Sé, melhor nem pensar nisso.

O grandão parou de roncar talvez a apneia o tenha sufocado, dane-se é minha deixa para tentar dormir.
(3 minutos depois)
Ele voltou a roncar e eu voltei a escrever, podia ter baixado o Angry Birds, estou louca por um café, não que isso vá ajudar a dormir, queria alguém para conversar, aparentemente dos talvez 30 passageiros eu seja a única acordada.

São 4h, acabo de me deliciar em um copão de café gelado, falta metade do caminho a bateria tá em 49% graças ao maravilhoso modo avião, só mais duas horas de estrada...

Seria bom se sempre soubéssemos quanto nos falta de estrada até o destino, até o desejo alcançado, até a vontade ter fim, até sentir que chegamos no nosso lugar.

"Contato Imediato" - Arnaldo Antunes




quarta-feira, 30 de outubro de 2013

"Açúcar ou adoçante?"



Hoje eu fui no cabeleireiro, "zuando" a métrica feminina de que sempre mudamos nosso cabelo acreditando que tudo vai mudar, é como se conforme a cor vai se alterando e o tamanho do cabelo se perdendo a vida ganhasse um novo gás, claro que a maioria de nos é plenamente ciente que isso é mentira, mas hoje eu queria me "iludir".

Tomei um banho incrível, com direito a esfoliação e muita espuma, e parti para o salão, chegando naquele ambiente que não é propriamente o que mais me agrada já que tem muita mulher, muita conversa de novela e risadas fúteis, comecei a pensar no que me interessava, qual o corte? Troco ou não a cor?

Permanecia com o meu dilema, quando a  cabeleireira me chamou para a melhor parte desse ritual, o lavatório, particularmente sou apaixonada por ter pessoas lavando meu cabelo, aproveitei esse momento de tranquilidade para fingir que não me importo com a ligação de hoje cedo, com o "mocinho" do momento ou com minha conta prestes a entrar no vermelho.

Viajando nos meus dilemas quase esqueci o principal deles : Qual o corte?, estava ali na frente do espelho rodeada por todas aquelas mulheres, sem maquiagem, sem esmalte, de cabelo molhado, me sentindo a pessoa mais feia do universo,  quando veio a pergunta: -Vamos fazer o que? e assim como alguém que não tem nenhuma opção ou coragem de mudar eu respondi: -Pode manter o mesmo corte e tirar as pontas quebradas. Seria bom levar isso para a vida, mantenha o que eu gosto e tirar de mim as partes quebradas. 

Quando eu tinha 13 anos pedi para minha mãe me deixar raspar a cabeça, não existia nenhum propósito especifico nisso, só era algo que eu tinha vontade de fazer, claro que minha mãe não deixou, hoje eu tinha a opção de raspar o cabelo, mas não tive coragem, acho que não tenho mais coragem de mudar muitas coisas, ir ao "cabeleireiro" já foi bem mais divertido. 




terça-feira, 15 de outubro de 2013

Guerrilha


Quem sabe esse seja um texto de amor, não que nenhum outro seja, mas quem sabe esse não seja de uma história terminada, de uma história que eu vou colocar os pontos e as virgulas antes de perder o controle, que já não sei exatamente se tenho.

Pode encarar essa texto como indireta, pode pensar que não é com você também, mas é bom ressaltar que é com você sim, que só você me causou esse efeito centrado, essa calmaria iracunda.

Você tem o poder estranho de me dar paz, você chega com bombas, coquetéis molotov, esse riso menino e me destrói, derruba meus bloqueios um por um, tranca todos os meus pontos de fuga e me desgoverna de alegria.

Meus melhores oficiais estão me mandando comprar armas, refazer meu estoque de munição e criar um novo forte de defesa, eu só comprei uma camisola nova. 






segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Vício


Será que tem algum comprimido para essa coisa que eu tô sentindo? Três ou seis capsulas, só para uma noite bem dormida, juro que é só um dia,  juro que paro, que não vai ser como o cigarro ou a cerveja, eu juro.   


É só para deixar de lembrar por algumas horas, só para sentir que a duvida não está aqui, tolerar todo esse sentimento que vaza pelos olhos as duas na tarde de um dia de sol à beira da piscina ou as quadro na manhã enquanto a chuva insiste em bater na janela, que vaza pela boca quando o corpo não resiste a essa briga toda e o estomago diz que eu preciso parar.


Então alguém arruma ai esse remédio, que eu tomo, tomo a cartela toda se for preciso, até sentir que  esse sentimento todo  parou de ser nutrido, que todas as pessoas aqui dentro não estão querendo ir para lados diferentes.






sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Gaia

Esse semana fui à exposição do Sebastião Salgado aqui em SP, estava com uma amiga muito querida, trocamos informações sobre as fotos, dos lugares, das vidas relacionadas aquelas obras, mas diante de uma delas talvez não a mais bonita, ou a que tivéssemos gostado mais, mas foi aquela obra que mostrou quem sou, foi ali que eu me encontrei. 


A imagem é bonita, consonante e aparentemente feita de informações repetidas, mas o que me fez contemplá-la, o que falou de mim quando eu a olhei, foi o assimétrico, o diferente, o único. 

Naquela fotografia muito da minha vida, das minhas escolhas, dos meus caminhos, ficou evidenciada, aquela assimetria não é um sinal de beleza apenas na obra ela é contemplativa nos meus dias, nas minhas pessoas, em mim.

Desacredito da perfeição, por isso ela deixa de ser sinônimo do belo, amo tanto aquilo que não segue padrões que meus olhos acabam sempre por procurar o diferente, o incomum, o único é encantador e essencial no meu mundo. 

sábado, 28 de setembro de 2013

XLVI

Hoje eu sei que poderia passar horas falando contigo, me lembro de falarmos muito um com outro, mas não consigo lembrar do som da sua voz, isso me incomoda muito.

É estranho não ter você aqui, coisas ruins aconteceram nos últimos tempos, boas também mas essas eu não saberia dividir contigo.

Fiquei pensando esses tempos que em 5 anos eu vou chegar na sua idade, não é engraçado?, isso parecia distante não tem muito tempo, eu tô uma bagunça, minhas coisas então você nem imagina, prometi que ia arrumar, mas é mais complexo do que parece.

Eu estou muito bem em alguns outros aspectos, essa semana recebi uma noticia muito legal, ganhei bolsa para um curso que eu quero fazer tem um tempo, quis muito te contar isso.

Queria te ligar e dar os parabéns, falar que eu não posso passar na sua casa hoje que já marquei com os meus amigos, mas te desejar saúde, paz e felicidade, eu nunca te desejei essas coisas efetivamente, queria poder fazer. 


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Amasia

Anseio por ter os dedos invadindo seu abdômen, sentindo as pontas encharcarem de sangue e manter-me forçando até que a mão não seja vista, alcançar suas vísceras com animosidade trazer tudo para fora.

Não tivemos que arrancar chaves de estômagos, ou cortar pernas nos nossos jogos “amortais”, fomos asfixiados por questões sem resposta, envenenados pelo calor do momento, açoitados pelo orgulho e dilacerados pelos medos.

Quem sabe entrando em você, tendo sua vida entrelaçada em minhas mãos, percebendo sua massa adormecer sobre meus pés, finalmente eu te compreenda, finde se na sua sangria parte das nossas incertezas, e o conhecimento genérico e vagabundo que temos um do outro deixe de ser guia das nossas atitudes.



terça-feira, 24 de setembro de 2013

Redamar

Em 2003 eu precisei olhar a vista da janela do 5º andar sob a sola dos meus pés para aceitar que "Life is beautiful, but it's complicated" e essa foi a primeira decisão seria que eu me lembro de ter tomado. Eu desisti de "voar" até o térreo, voltei para casa abracei cada uma das minha neuroses e aprendi que elas também me constroem.

Alguns anos mais tarde um amigo me disse que a felicidade nascia das escolhas, das pequenas decisões que tomamos todos os dias e que trilham nosso caminho.  Arquitetar esse caminho talvez não seja simples, mas seguir, desistir, voltar, abandonar e agarrar chances fazem parte do processo.

Retomei minha relação com aquela menina de 13 anos terça-feira passada,(eu tinha 13 anos em 2003.) desisti, voltei para casa, não tenho a mínima ideia do que vai acontecer, mas posso afirmar que é maravilhoso voltar a ter amor pelas minhas segundas-feiras. 


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Santa Cecília

Só o amor mal resolvido pode acabar com o prazer de ouvir uma boa música, a voz antes alentadora e ritmada, tornasse insuportável, sem consonância , chega lembrando de todos os planos que tínhamos e que se tornaram passado antes de ser presente.

Sempre tivemos uma porção de musicas em comum, eu não poderia parar de ouvir todas as bandas, Elis, Tom, Tulipa... mas aquela, aquela era sua cantora preferida e ela eu podia nunca mais ouvir, podia fechar a cara e pedir para trocar a música sempre que entrava no carro de um amigo e tava rolando o vocal ilustrativo da minha consternação.

Coloquei todo o sentimento mal resolvido, todos os planos não realizadas e tudo que chorei na conta da Maria, mas essa semana fizemos as pazes e fizemos por que você deixou de ser minha saudade, deixou de ser referencia, deixou de ser triste lembrar que acabou, e ai eu cantei, cantei desafinadamente a plenos pulmões com sua Maria preferida. 




segunda-feira, 9 de setembro de 2013

23 de Setembro

Surpreendente esse poder da vida de nos conceber pessoas, únicas, insólitas e incertas, como ventos que vem e vão. 

Algumas pessoas são dias muito quentes, te deixam suada, por algum tempo cansada, trazem uma sensação de saciedade, pele dourada e manhãs alaranjadas. Não existem certezas sobre essas pessoas. 

Há  pessoas que são uma leve brisa  no meio da tarde, fazem os dias maçante mais  frescos, mostram novos horizontes e vão embora.

Existem manhãs mais geladas, aparentemente mais duras, aquelas que chegam para te fazer diferente, pessoas que inevitavelmente te deixam marcas para sempre. 

Há ainda os entardeceres de calor brando e cores diferentes, pessoas que vem nos fazem melhores, levam algo nosso com elas e no fim fica esse cheiro de flores, esse gosto de frutas frescas e saudades, deleitosas saudades. 


quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Hermenêutica

Quando eu tinha 5 anos, acho que eu me importava com o que as pessoas pensavam de mim, então eu descobri que o que sinto ou o que penso não pode ser definido por ninguém, algumas vezes nem por mim e ai parei de me importar.

Parei de me importar se o que eu falo vai ou não agradar, se vão achar errado, se vão achar que é feio ou bonito. “Sinto muito” se isso incomoda quem se coíbe de falar o que pensa ou de fazer o que sente. Ok, não sinto nada em relação a isso, problema de quem se incomoda.  

Você pode pensar que é egoísmo, na verdade você é totalmente livre para pensar tudo o que quiser de mim, definitivamente eu não me importo. A aprovação das pessoas deixou de ser meu objetivo de vida lá em 1995.

Agora me conta uma coisa, o que você pensa sobre você?
Isso talvez me interesse. 



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Diagnostico


Acordei com a garganta ruim hoje, o ar não vai, não vem, já tomei 3 ou 4 comprimidos e nada , a respiração tá estranha, sem compasso, não vai dar jeito, vou ter que ir no hospital.

O médico já é um grande conhecido por conta da gastrite e uns outros probleminhas do tipo "rim", sem muitos rodeios já fui logo contanto tô sentindo um treco estranho, dá umas tremedeiras as vezes, um nó...

- liga para ele, liga que passa.

Médicos e esse ar de sabedoria soberana, quem falou que eu quero ligar? Não pode me dar uma injeção, a porra de um antibiótico?

Mal me examinou e foi  falando que eu  to sofrendo de  paixonite aguda, saiu enumerou um a um os sintomas e no final não me receitou se quer uma vitamina C, para curar isso.

Não vou ligar para ninguém, isso tem que ter algum outro motivo, muito precipitado esse médico, não vou ligar.

-Alô...


Ai, to lascada.



segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Periclitante


Todos os dias eu me faço a mesma pergunta, exatamente a mesma, vou até o cubículo intitulado de cozinha olho a janela e a questão me vem... será que eu ainda vou olhar por essa janela quando o prédio estiver pronto?

Talvez ninguém tenha nem reparado naquela construção, talvez a obra seja embargada e ninguém nunca circule dentro daquele prédio, para falar a verdade não lembro ao certo quando foi que notei ele ali, subindo, tampouco sei dizer qual foi a razão para ele ter se tornado simbologia da minha agonia.

Eu sei que todos os dias a gente se olha e um fala pro outro: “Você ainda tá ai incompleto e isso acaba quando?”


Não sei quando vai acabar, também não sei se quero ver ele ficar pronto, quem sabe um dia eu vá embora no meio da tarde, caminhe até lá e veja ele de pertinho, constantemente tenho vontade de fazer isso.


terça-feira, 6 de agosto de 2013

Meteorologia

Sua presença nos meus dias foi como chuva , uma quase tempestade de sentimentos, que me molhou, conhecendo cada parte do meu corpo,  me ensopou os cabelos, escorreu pelo rosto, penetrou minhas roupas e esfriou toda a pele.

Sendo chuva despertou sentimentos miúdos, fortaleceu desejos miúdos, reavivou duvidas miúdas, e fez crescer todas essas as pequenices em minha história. 

Implacável na sua apressada passagem, destruiu crenças, desestruturou certezas e dissolveu impossibilidades. 

Fez mais forte meu mar, trasbordou meus rios e fez crescer minhas cachoeiras

Passou, passou e agora faz sol todos os dias, não cai tão somente uma única gota do céu e é melhor que seja assim, depois de ter vivido chuvas torrenciais, gotas não fazem o menor sentido.















sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Esponja


Uma construção que perdeu pilares do seu alicerce, é assim que estou me sentindo agora, um ser  humano em construção com necessidade de reaprender a ter equilíbrio, precisando avaliar o tipo de arranha-céu que quer ter e concertar todas as vidraças que foram estilhaçadas pela pancada.



Imagino que esteja difícil entender o que esta acontecendo comigo, mas acredite quando digo que estou caminhando, alguns dias tem sido mais tranquilos, outros nem tanto, mas esta sendo uma questão de respeito pelas minhas neuroses, meus enigmas e minhas vontades, eu penso muito, eu penso o tempo todo e organizar tudo isso exige tempo.

Perdoa minha dificuldade de me dividir em apenas mais uma pessoa, em só uma pessoa, acata esse instante da minha vida, eu tô tentando me readequar, tô tentando ser alguém mais "solido", me dá sua atenção, seu carinho, sua presença, mas respeita a liberdade que eu preciso para absorver  as coisas que estão comigo agora, o que eu sou agora, onde eu estou agora.

Por favor, me deixa entender que alguém importante para minha vida tá indo morar do outro lado do planeta, deixa eu aprender a administrar minhas lesões, me deixa assimilar que eu perdi alguém que eu amo, amei sem limite nessa vida, dessa vida, deixa eu aprender a conviver com minhas novas realidades, deixa eu me conscientizar de que eu preciso de um emprego que cabe na minha vida, deixa eu me situar das minhas paixões secretas, intensas e frívolas, deixa eu desistir das coisas que não me cabem mais, me dá teu silencio, para eu continuar me achando, que isso tudo vai passar, sem crises e sem danos permanentes. 

quarta-feira, 31 de julho de 2013

O quadro

Maurício tem 12 anos, mora com os pais, o irmão e a avó que Maurício nunca quis saber se era mãe do pai ou da mãe, ela fala muito com as vizinhas, nunca se soube onde o possível avô de Maurício está, Thiago uma vez disse que ele havia morrido, Maurício prefere acreditar nisso também, tem medo de que um dia a sua mãe fique como a avó.

Thiago é dois anos mais velho que Maurício, frequentemente apanha do pai, quase nunca está em casa, dia desses Maurício ouviu a avó contar que Thiago era um moço diferente, mas que mesmo assim ela gosta dele, isso entristece Maurício, ele também queria ser especial.

Maurício não gosta de pintar, se irrita quando a tinta escorre pelo pincel e chega à sua mão, ter que riscar a tela antes de pintar também o irrita, mas a mãe mandou que ele faça as aulas, então ele vai.
Na cabeça de Tânia, mãe de Thiago e Maurício, todo mundo nasce com um talento natural e quando Maurício tinha 3 anos riscou toda a parede da sala com um batom velho por isso ela paga suas aulas de pintura, nunca teve tempo para perguntar se Maurício gosta das aulas.

Durante as tardes Maurício costumava ver TV no quarto, mas Thiago vendeu a televisão e passou uma semana fora de casa com o dinheiro, Maurício esta com medo que ele venda o beliche.

Maurício não gosta muito de falar o que está sentindo para desconhecidos, então está esperando que alguém seja intimo o suficiente para isso. A maioria das pessoas ainda acha Maurício esquisito. 


segunda-feira, 29 de julho de 2013

Coagulante

A vida não vai ser leve com você, ela não vai te poupar dos tormentos, das dores, do sofrimento ou dos conflitos, não meus queridos a vida não é compensatória.

Ela não vai ser menos difícil em algum momento por você ter perdido seu pai aos 5 anos de idade, dane-se, ela não vai se quer ter a dignidade de evitar que você tenha outras perdas.

Não vai haver um único grama de alento dado que será devolvido, em nenhum momento você vai ser congratulado por seus esforços, você se esforça e pronto é só isso, pare de esperar.

Desacredite da falsa promessa de que dentro em breve tudo vai ser melhor, assim como nos vídeo games as próximas fases são sempre mais difíceis, perigosas e desconhecidas.

Quando você realmente estiver sofrendo e tudo ao seu redor despencar, lembre-se você estará sozinho.

O importante é que você nunca se esqueça: a vida é boa.




quinta-feira, 25 de julho de 2013

Transfundido


É possível se morrer do coração mesmo que ele esteja em perfeito estado cardíaco, é possível pela disritmia que não tem nenhuma relação com as coronárias, é possível que mesmo sem nenhuma veia entupida do nada o sangue para de bombear.

Hoje é um desses dias, em que a gente ta morrendo do coração e tem saúde, saúde para evidenciar nossos desesperos, lubricidades e desejos de outra pessoa.

Essa insana sensação de que a vida deixou um pedaço seu em outro lugar, um lugar ainda desconhecido, e isso me desespera, o coração vem na boca evidenciar os sentimentos conflitantes depois me obriga a engolir tudo de volta, inclusive sua falta.

Eu preciso de uma reanimação cardíaca, não precisa trazer maca, nem medico, nem adrenalina, trás seu corpo, sua mente, seu suor e me invade em todos os sentidos dúbios da palavra.


No fim da noite dilacera meu peito e leva o coração contigo, que é disso que eu to precisando, do seu olhar voraz, sua voz quente, sua mão ágil e sua presença mentirosa. 






segunda-feira, 22 de julho de 2013

Cheiro de Pitanga

A gente nunca mais vai desaprender essa brincadeirinha torturante de contar nossos podres um para o outro né?, vamos continuar aplicando nossos requintes de crueldade detalhando em minuciosos relatos o tempo intensamente divertido no qual estamos  afastados.

Firmemente vamos preferir o ciúme corroendo o estômago que a duvida martelando as cabeças, é mais simples ter ouvido que "a mina do 17 é boa" do que encarar o silêncio sobre a do 23, sempre acho que a com a do 23 pega alguma coisa, igual quando você grila com o vizinho de cima, o menos  que ironicamente esta fazendo a trilha sonora para o meu texto agora. rs

O gosto por essa honestidade quase hostil é que nos faz ser sempre um pouco um do outro, são essas verdades viscerais que a gente se entrega que fazem nosso apego.


No compromisso dessa amizade a gente sempre jura que esqueceu da piadinha sobre meu hidratante de Ambrósia e do sabonete liquido de pitanga que a sua mãe sempre quis entender por que estava no seu banheiro. 




sábado, 20 de julho de 2013

Coração de porcelana


Quanto tempo você leva para entender a falta? Quanto tempo ainda vamos demorar para perceber que essa ausência agora é uma constante? 

Hoje eu estou indo viajar e pela primeira vez desde sempre que vou para esse lugar, eu não vou passar na casa dela antes, eu não vou ser apressada por termos que cruzar a cidade antes de ir, pela primeira vez nem atrasada eu estou e por isso eu choro.

Eu choro por ela ter sido minha companheira para ir lá e em outros lugares por tantas vezes, choro pela minha mãe que perdeu sua melhor amiga de todas as horas, choro por entender que nunca mais as coisas vão ser iguais, choro de saudades do riso, das brincadeiras.

Hoje no lugar do carinho, dos comentários desejosos de coisas novas e até das reclamações, só tem falta, só tem saudade e esse sentimento de impotência diante da vida.

Eu choro de saudade, a maior que já tive até hoje. 


sexta-feira, 19 de julho de 2013

Para Baixo na Toca do Coelho

Eu me encontrava ali confortavelmente disposta depois de relatar meu "problema", não esperava uma solução ou uma palavra de incentivo apenas me mantinha ali para ouvir as percepções do outro sobre o que eu já não podia mais pensar sozinha, então a voz veio: "Você quer plenamente, sabe disso, admite no desconcerto emocional que apresenta contando essa história e não consegue admitir isso factualmente" ok, nada que eu não soubesse era isso mesmo, era só e simplesmente questão de aceitar então quando pensei ter chegado ao fim, veio a pergunta fatídica "Por que?" Iniciando assim a parte difícil, a parte de admitir meus erros e angustias para um outro ser.

Por que me "resguardei" desse mal por tempos, achei que estava preparada para escolhas, achei que seria sempre uma questão só minha que o outra poderia ser qualquer um, até esse dia até eu querer mudar tudo , até não ser tão lógico e límpido, e eu mimadamente começar a querer que seja do meu modo, desejar que tudo se pinte de laranja, que as pedrinhas de brilhante estejam lá para eu passar, não sei lidar com essa pessoa frágil, exposta, com medo de que em qualquer momento tudo tenha "fim" e tão inconcebível não querer o fim das coisas, tão impalatável.

Depois de ter relatado que eu não passava de uma pessoa suscetível e frágil daquela situação que criei meio sem querer  e que agora eu queria tanto, fui mimoseada pelo silencio, ficamos assim em silencio por um tempo que não consigo calcular e entendi que estou diante de uma situação que me exige muito mais que simplesmente aceitação.





Ardendo de curiosidade, ela correu pelo campo atrás dele, a tempo de -lo saltar para dentro de uma grande toca de coelho embaixo da cerca. No mesmo instante, Alice entrou atrás dele, sem pensar como faria para sair dali.”
Alice no País das Maravilhas-Lewis Carroll 

quarta-feira, 17 de julho de 2013

O fabulista

“E traga o seu coração
Sua presença de irmão
Nós precisamos
De você nesse cordão...”
Lembra que tudo começou com essa música? Naquela dança de fim de noite, naquele lugar desconhecido, entre aqueles dois desconhecidos e agora faz tanto tempo que você deixou de ser desconhecido que já não lembro exatamente como era antes.

Para quem eu ligava quando queria contar “To amando, 'sofrendo’, me abraça!” RS.  sem ti quem beberia homéricas doses de vinho no meio das tardes preguiçosas comigo?

Então me faz um favor... me brinda sempre com suas neuroses, com seu humor ácido, com suas criticas arregaçadas, com todo seu caráter, com os olhares de compreensão, sendo esse que chega muito mais nas horas ruins e desimportantes que nas festas, alias tenta chegar antes dos finais das festas e chegue sempre que precisar, sempre que sentir vontade, assim sem razão para sorvete, risadas e um filminho.

Obrigada por dividir suas fabulas com os meus personagens, por ser o chapeleiro maluco da minha Alice e a Margo do meu Juan, por deixar as bruxas menos ameaçadoras, os príncipes mais sapos, me emprestar seu cavalo alado e me fazer heroína algumas vezes.













(Sim mais um post cheio de mimis, feito única e exclusivamente para declarar meu amor para os meus  Otávios e Franks... Só para dar os Parabéns por suas 28 noites com Sherazade.)

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Espinho


Todo ser vivo, nasce, cresce, se reproduz ou não,envelhece e morre, esse é o ciclo natural das coisas, um processo imutável e sendo assim deveria ser algo simples de entender, só que não é, não é simples, não é fácil e muito menos tranquilo ...

É estranho se dar conta que fatidicamente estamos envelhecendo,  sempre pensei na velhice como algo muito bonito, quase doce, sublime, enquanto tive muito medo de chegar até lá, acredito que a parte realmente triste de ficar velho veja ver as pessoas que amamos morrendo... talvez por isso eu esteja me sentindo tão velha nos últimos tempos.

E me desculpem por não acreditar que "Deus" tem um plano, que foi melhor assim ou que eles estão em um lugar melhor.