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quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Carta aberta ao Alemão

Não sei honestamente como te chamar,
Essa semana você chegou na casa de um amigo, como sempre veio mandando em tudo, esfregando na cara de todo mundo que é novo no pedaço, mas que vai mudar tudo.

Agora no almoço de domingo você vai estar lá com D.Hieda, não só aos domingos afinal quando você chega não faz muita diferença se é domingo ou quarta- feira.

D. Hieda é uma daquelas senhoras apaixonantes, o tipo de vó fofa que ainda enrola bob no cabelo, tá sempre de batom e apesar da aparência frágil, tem opiniões muito fortes.

Quarta fui visita-la, ela me contou que o Adão inventou de cozinhar essa semana, "Ele fez uma bagunça, mas tá gostoso, é bolo de cenoura. Vou te dar um pedaço" recusei, falei que tinha acabado de almoçar mesmo sendo 17h, claro, ela insistiu, falei que poderíamos comer mais tarde na esperança de não vê-la adentrar a cozinha na procura do tal bolo, fui ao banheiro, fiquei lá por uns 10 minutos, chorei, entendendo que você tinha aparecido e agora estava participando da nossa conversa.

Sei que era você por que em uma manhã de 1980 minha querida D.Hieda atendeu uma ligação e soube que o Caçula,  Adão e o Marido, S. Rufino tinham sido pegos por uma carreta ali na Marginal, já pertinho de casa.
Lavei o rosto e segui para sala, sorrindo e esperando ela me falar o que pudesse, o que suas novas percepções deixassem. Por dentro eu te xingava.

É o seguinte tô te contando isso porque quero fazer um acordo contigo, no melhor estilo vender a "alma ao diabo", pode ser uns 10 anos a menos de vida, mas no fim você não vem me ver, pode ser uma veia entupida, um acidente vascular ou uma moto me pegando na calçada do bar, mas eu preciso de um filme cronológico e ordenado passando diante dos meus olhos, quero sorrir na certeza de cada uma das minhas memórias. Fico no aguardo, entendo que você aceitou nosso acordo enquanto não surgir o diagnostico de Alzheimer em meus exames.


Tenta relaxar mais, trabalhar menos, cada dia menos.
Abraços.



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Limerência











Quando te olhei pela primeira vez não foi nada extraordinária, não houveram sinos, não tinham estrelas brilhantes, precisei ouvir outras pessoas te chamarem umas quatro vezes para decorar seu nome.

Normalmente as pessoas demoram para penetrar meu mundo, não por timidez, falta de afinidade ou confiança, não, mas preciso me deixar encantar, necessito sentir que existe nelas algo tocante, no seu caso foi tudo tão veloz que quando me dei conta, quando tentei entender qualquer coisa, já sabia seu nome, sobrenome, CPF, RG. 

Algumas vezes me pergunto se realmente é possível alguém causar tantos anseios despretensiosamente, vou retomando cada detalhe nosso, tento construir uma linha que pelo menos "aparentemente" faça sentido para tudo que eu sinto. Vou apreendo que sentir, construir e entender é contrassenso na nossa história.



quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Achados e Perdidos.


Sempre fui uma pessoa de muitas duvidas, muitos enigmas pessoais e poucas ideias estáticas. As minhas decisões são moídas e remoídas, até se liquefazerem para que eu as engula.

Lembro-me das enumeras vezes em que quando nada dava certo, eu te ligava e pedia para me falar que tudo ia ficar bem, contradizendo todos os meus outros pedidos, você dizia: Vai dar tudo certo.

Parei de te pedir para me falar que tudo ia ficar bem, durante um tempo pedi que não me dissesse qualquer coisa, depois me acostumei com seu lado mais acido, que me fala sem titubear: Sai dessa! isso é amor de pica.

Quando deixei de te pedir socorro nas horas  em que a vida diz muitos nãos, foi por achar que a segurança acarretada pelo seu lado "herói", que cá entre nós; só eu via, não me cabia mais e fui atrás de outras causas, aceitei nossos novos planos.

Querido, sonhei contigo essa noite, deparei-me com a verdade de que ter diluído nossas novas maneiras não foi o suficiente e talvez agora fosse muito bom te olhar, ganhar o seu melhor abraço acompanhado da frase que soa tão bem vinda de você: Vai dar tudo certo.

Hoje ouvir que tudo vai ficar bem, provavelmente não me trouxesse paz, não acalmasse minhas angustias, mas você ainda é minha principal referencia afetiva, mesmo que eu tenha encontrado outras, mesmo que sejamos outros é no seu abraço, nas suas loucuras tão incompatíveis com as minhas, que eu já encontrei alento.




quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Se7e

- Quais são os planos para 2014? 
Eu ouvi essa pergunta de umas três ou quatro pessoas e frustrei cada uma delas quando respondi: Nenhum.

Não gosto de criar expectativas sobre coisas, ou pessoas e acho injusto fazer isso diante de 2014, é como se obrigássemos ele a ser, a trazer "alguma coisa", sendo bem sincera eu nunca soube obrigar. 

Quero em 2014, em 2027 e em 2039, o que eu quis em 2003, em 1999, ser melhor, ter equilíbrio manter a coerência dos meus pensamentos e das minhas atitudes. 

Na noite do ano novo duas pessoas bem especiais desejaram que os meus sonhos se tornassem realidade, acho bonito desejar isso a alguém, me lembra a infância, isso é sempre doce para mim, mas desde que ouvi esses desejos soprarem nos meus ouvidos, tenho pensado; qual é meu sonho? 

Uma amiga costuma dizer que eu tenho o espírito livre, é uma definição esplêndida, mas sabemos que as almas flutuantes são difíceis de compreender, então acho que meu sonho é ir adiante, sem ter que me coibir e ancorar por medo, ainda existem muitos. 

Que 2014 possa me surpreender nos bons e nos maus momentos, sem me deixar esquecer, que o determinante do inicio de um novo ano é só ciclo de translação da terra. A vida é continua.