O mundo vai acabar em menos de trinta dias e eu ainda não
decidi onde quero estar quando as estrelas começarem a cair (Não sei se vão
cair estrelas, mas achei que seria um fim bonito).
Pensei em todas as chances que a vida me deu e deixei passar,
todos os eu te amo que não gritei, os
cortes bizarros de cabelo que não fiz, como seria ter ido para Patagônia?, as
pessoas que não dei atenção, as que não cativei e nem me deixei cativar, os
cafés, as vodkas e os restaurantes que deixamos para depois e agora não tem
mais depois.
Eu queria ter ido pra um país bem diferente do meu, ter
encontrado uma religião que me fizesse acreditar,tentado fazer sei lá a Intata
alguma vez, feito todas as tatuagens que
pensei, namorei, medi e idealizei, ter casado (Sei que ninguém imagina isso,
mas é algo que queria para minha vida), ter escrito um livro (O TCC conta como
livro?), aprendido a andar de bicicleta, dirigido na areia e voado de balão.
Bom mas que importa tudo isso agora? todo mundo vai mesmo
pro saco, novo, velho, solteiro, casado, rico, pobre, é por isso que resolvi
aproveitar o fim do mundo, vou passar os meus últimos dias fazendo só o que eu
quiser, que se dane as regras, os conselhos, as horas de ponderação, vou ser
livre pra falar e fazer o que eu quiser, ver e sorrir só para pessoas que me
encantam e simplesmente excluir a palavra procrastinação da minha vida.
Não acredito realmente que o mundo vá acabar em 2012, mas já
pensaram como seria confortante saber precisamente quantos dias temos, podendo
viver exatamente como a gente idealizou? Gosto da ideia consciente de que é nossa
ultima chance de fazer algo, que o depois não existe, por que ele realmente não
existe, o mundo pode não acabar em 2012 mas a gente não é eterno. Nada é.