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quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Encastelar


Sábado estava com meu sobrinho na fila de um brinquedo, entre uma e outra criança alguns puxaram assunto conosco, "vamos nesse?, vamos naquele?, vocês vem aqui sempre?", exatamente assim, mil perguntas em 10 minutinhos de conversa, apesar da minha falta de tato para com crianças, de estar brigando com o Gustavo que não conseguia tirar os sapatos, tentei responder a todos. 

Chegada hora de dar tchau para nossos novos amigos, fui metralhada por perguntas novamente: 
-você volta amanhã? 
-vocês vem amanhã que horas? 
-ah, mas volta amanhã 
-volta, vai ser legal! 
-eu venho! 
-quando vocês vão voltar? 

Não sou a pessoa mais saudosista da infância vocês bem sabem, na verdade não sou saudosista, um pouco esperançosa, guarda a sensação que o passar do tempo nos melhora, muito (ainda bem!), mas diante daquelas perguntas tão espontâneas, senti saudades de ser como eles. 

A gente cresce e cria uma porção de travas, uma sucessão de portas quase intransponíveis e nos convencemos que essas reservas são extremamente importantes. 
Ainda que nos encantemos por algumas pessoas, deixar que novas almas venham habitar nosso pobro mundinho livremente é uma tarefa cada dia mais difícil. 

Deve ser por isso que agora dizemos tão pouco: 
-você vem quando? 
-volta amanhã! 
-fica!