Cresci ouvindo as pessoas falarem que eu era egoísta, depois
de um tempo eu nem me opunha mais, inevitavelmente todo mundo tem defeitos, era
até fácil conviver com o meu (pelo menos pra mim!) quando perguntavam “Qual seu
defeito?” já logo soltava seca, simples e objetiva “Sou egoísta”.
Quando criança eu dividia os meus brinquedos numa boa, mas só
brincava do que eu queria, mais ou menos assim:
Pode brincar com o que você quiser mais a gente tem que
brincar como eu quero ou você brinca ai e eu vou brincar sozinha (nunca tive
problemas em ser sozinha)
O tempo passou, mas meus amigos continuavam sofrendo com o “egoísmo”,
cd’s me importo com cada um deles por isso
é difícil emprestar (minha coleção do Legião tem que ser cuidado com Amor!),
minha câmera é uma extensão de mim difícil ficar longe, mas as pessoas mexiam
com coisas muito serias também Mãe, Vó, Vô. (Porra sou filha única, neta caçula
não é fácil .rs)
Quantas e quantas vezes eu estava na casa da minha Vó (que
saudade!) e vinha uma criança no portão perguntar: “A minha Vó ta ai?” E eu do
alto dos meus 14 anos finamente respondia: “Não, a MINHA Avó está a sua não.”
Lembro-me de quando descobri que o Papai Noel na verdade era
meu Avô, fiquei muito mais brava em saber que todas as crianças do colégio tinham
abraçado e sentado no colo do MEU Vô (minha maior saudade!) do que com o fato
do Papai Noel não existir. Cada um com seu Vô, já dividia o meu com 4.
“Sua mãe gosta de mim como um filho” acreditem essa frase
foi transformadora na minha vida, eu já dividia tempo, cama, chocolate,
computador, pera ai MINHA Mãe? É isso mesmo? Pow ele já tinha um “parentesco”
com ela tava de bom tamanho. Cara ela sempre foi só minha, ela não é Mãe de
mais ninguém só e somente MINHA!
Hoje eu compartilho Mãe, Vó, roupas e até copo rs a verdade
é que os anos me desprenderam de tantas coisas da grande maioria dos “meus” e “minhas”,
só um, só um deles eu nunca tinha me
separado o meu “Sou MINHA” e sempre fui tão minha que por mais que o momento
envolvesse outras pessoas havia em cada um deles instantes só meus, por mais
que eu me importasse com o sentimentos dos outros eu tinha uma prioridade um
motivo maior EU!
A única vez em que eu contive o que sentia, a única vez que
não me fiz prioridade, a única vez que coloquei algo na frente, a única vez que
fui capaz de entender que renunciar é difícil, mas preciso, foi por “algo” que eu já nem sei mais
se vale e mesmo assim ainda é prioridade.