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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

336 km

São 1:33, o ônibus saiu com uma hora de atraso, um transito leve quase inexistente para a "Paulicéia" me pega no caminho, agora seguimos bem. Do meu lado direito um rapaz ronca, um homenzarrão que umas amigas iriam adorar e ele ronca com proporção ao seu tamanho, dou uma olhada vez ou outra, tenho essa mania quando alguém esta dormindo por perto, é um pouco por achar bonito e um pouco por querer estar capotada igual a ele.

Minha visão é essa telinha de 4 polegadas, o braços do homenzarrão que acabou de se mexer, as luzes dos carros lá fora, os outdoors e um relógio que fica variando hora, temperatura e a frase "Proibido Fumar".

66% de bateria eu mal comecei a viajar, vou parar de escrever me concentrar na vista, lá fora um breu sem fim, lembro de quantas vezes já fiz esse caminho muitas dessas vezes carregada de saudades, lembrei não sei bem por que da minha agenda eletrônica da minne, presente da minha madrinha acho que em 96 ou 97, senti saudade dos meus avós, dos natais das malas cheias de coisas da Barbei, pensei na Laura e no Gustavo, em como a vida segue e nos preenche com  novos sentidos.

Porra! a bateria já está em 62% nada do Rodoserv ainda, o grandão ronca como um porco não durmo nem que eu queira. Acabei de perceber que as palavras saída de emergência brilham em cima do meu banco, o que significa que se acontecer alguma coisa todos vem para o meu lado como boçais as 18h na Sé, melhor nem pensar nisso.

O grandão parou de roncar talvez a apneia o tenha sufocado, dane-se é minha deixa para tentar dormir.
(3 minutos depois)
Ele voltou a roncar e eu voltei a escrever, podia ter baixado o Angry Birds, estou louca por um café, não que isso vá ajudar a dormir, queria alguém para conversar, aparentemente dos talvez 30 passageiros eu seja a única acordada.

São 4h, acabo de me deliciar em um copão de café gelado, falta metade do caminho a bateria tá em 49% graças ao maravilhoso modo avião, só mais duas horas de estrada...

Seria bom se sempre soubéssemos quanto nos falta de estrada até o destino, até o desejo alcançado, até a vontade ter fim, até sentir que chegamos no nosso lugar.

"Contato Imediato" - Arnaldo Antunes