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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Boneca de Pano

Certa vez estava passando as férias de julho na casa da minha avó, tinha 14 anos era a primeira vez em que eu viajava sozinha mas nada era tão amedrontador quanto a ausência do meu avô falecido em maio do mesmo ano.

Eu tinha que me manter forte eu tinha uma missão ali, eu não podia soltar a mão dela, não a dela que Sempre esteve ali quando eu gritei: Vóoo

Um dia quando não deu pra aguentar me tranquei no banheiro e chorei, a voz dele me fazia falta, minha mãe me fazia falta, a alegria da minha avó me fazia falta...tudo e ainda tinham as coisas que eu tentei deixar para trás e estavam lá comigo, me recompus e fui para sala.

Ela me olhou e disse: Se você tá com saudade da Mamãe vai embora filha, a vó agora é sozinha eu tenho que acostumar, a vó não fica triste com você...

Há dias em que eu queria poder deitar a cabeça no colo dela e ouvir
-Não fica assim Patrícinha...
Foi simples assim o fim desse dia, simples como pudim, como cueca virada e chá de hortelã, simples como ela era.

Vó Obrigada por todas as vezes que a senhora me atendeu de madrugada, por todas as vezes que me deu tchau chorando no portão, o seu amor me faz muita falta, com todos os seus defeitos a senhora é a melhor avó do mundo pra mim.

Uma vez pouco tempo depois que a senhora morreu eu te liguei, liguei de madrugada como costumava fazer quando tinha medo... Eu queria mesmo que a senhora atendesse, queria muito poder falar com senhora, perguntar o que acha
-Vó, Eu sei que a senhora teve que ir, eu tenho que aprender a tomar minhas decisões sozinha e eu não fico triste com a senhora...