Certa vez estava
passando as férias de julho na casa da minha avó, tinha 14 anos
era a primeira vez em que eu viajava sozinha mas nada era tão
amedrontador quanto a ausência do meu avô falecido em maio do mesmo
ano.
Eu tinha que me
manter forte eu tinha uma missão ali, eu não podia soltar a mão
dela, não a dela que Sempre
esteve ali quando eu gritei: Vóoo
Um dia quando não deu pra aguentar me tranquei no banheiro e chorei, a voz dele me
fazia falta, minha mãe me fazia falta, a alegria da minha avó me
fazia falta...tudo e ainda tinham as coisas que eu
tentei deixar para trás e estavam lá comigo, me recompus e
fui para sala.
Ela
me olhou e disse: Se você tá com saudade da Mamãe vai embora
filha, a vó agora é sozinha eu tenho que acostumar, a vó não fica
triste com você...
Há
dias em que eu queria poder deitar a cabeça no colo dela e ouvir
-Não
fica assim Patrícinha...
Foi
simples assim o fim desse dia, simples como pudim, como cueca virada
e chá de hortelã, simples como ela era.
Vó
Obrigada por todas as vezes que a senhora me atendeu de madrugada,
por todas as vezes que me deu tchau chorando no portão, o seu amor
me faz muita falta, com todos os seus defeitos a senhora é a melhor
avó do mundo pra mim.
Uma
vez pouco tempo depois que a senhora morreu eu te liguei, liguei de
madrugada como costumava fazer quando tinha medo... Eu queria mesmo
que a senhora atendesse, queria muito poder falar com senhora, perguntar o que acha
-Vó,
Eu sei que a senhora teve que ir, eu tenho que aprender a tomar
minhas decisões sozinha e eu não fico triste com a senhora...