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segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Recíproco

A panela de pressão está chiando na cozinha, estou no sofá e a caixa de som no banheiro toca Chico Buarque. Meu cabelo está naturalmente lindo como sempre que não tenho nada especial para fazer, como se ele quisesse me deixar feliz apenas por existir. 

A vida não é perfeita e ser adulto é até bem estranho, mas como uma porção de outras coisas estranhas, eu gosto. 

Sexta vi um filme que falava sobre isso, a vida não parece muita coisa até a gente comprar nosso último sapato, ouvir pela última vez nosso disco favorito. 

Gosto das coisas aparentemente desimportantes, da casa vazia de gente mas cheia de afeto, da camisola roxa que comprei, iguais às que minha avó usava, nada sexy mas que é confortável e um pouco quente também. 

Eu gosto dessa pessoa que história construiu em mim, da cidade caótica onde moro gritando lá fora, dos meus poucos amigos, de rir na cozinha quando derrubo algo no chão, dos 14 motivos que listei para não esquecer cada uma das razões que me fazem gostar de você, gosto do que eu escrevo e gosto da vida, assim problemática como ela é. 

Dizem que a gente gostar da vida já é meio caminho andado para ela também gostar da gente. 

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