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sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Sobre ser mulher (Todos os dias)

É muito difícil escrever sobre o que nos machucou. É doloroso reviver um sentimento que parecia já estar superado. 

Essa semana uma mulher foi abusada dentro de um ônibus na avenida paulista, outra em um ônibus no RJ. O problema é que elas não foram as únicas. O problema é que isso acontece todo dia, o tempo todo. Aconteceu com uma estudante de Relações Públicas, quando ela estava indo pra faculdade no primeiro ano. (18 anos - 2008)

O que posso dizer para vocês é que realmente é horrível. Eu não gritei, eu nem vi a cara dele, 18h em um ônibus lotado. Incialmente pensei em descer, mas tive um medo absurdo dele descer atras de mim, chorei, chorei de nojo, de vergonha, de medo, as outras pessoas não fizeram nada. 

Desci no ponto final do ônibus, fui ao shopping, lavei meu braço e a ideia de um total desconhecido ter ejaculado em mim era nauseante. 

Até hoje não gosto de pegar ônibus, não que no metrô, no táxi ou Uber eu não tenha tido nenhum problema, afinal sistemicamente o problema nasceu comigo, eu sou mulher! nascer mulher te expõe ao risco, horrível que seja assim, mas ainda é. 

Relutei se valeria a pena escrever sobre isso até hoje a tarde quando vi pipocar no facebook um monte de textão falando que ninguém sabe como ela se sentiu. A gente sabe, a gente que é mulher sabe porque um doente já ejaculou no meu braço, outro enfiou a mão embaixo da minha saia, outro já me seguiu uma rua inteira, outro já se masturbou do meu lado no cinema. 

Mas parece que nem todo mundo acha constrangedor isso acontecer todos os dias em todos os cantos, com todas as mulher, o tempo todo. 










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