Páginas

quarta-feira, 19 de abril de 2017

Rúptil


Vamos conversar sobre fragilidade. Nunca fui boa em expor minhas fraquezas, lembro até hoje do dia em que meu pai morreu e também do dia em que chorei copiosamente na escola enquanto montava um quebra cabeças, não lembro se contei o porque mas queria muito ir embora, queria que as pessoas parassem de perguntar o que estava acontecendo. Eu tinha 5 anos e a ideia de ser a menina que o pai morreu era aterrorizante e acho que só me desfiz permanentemente dela quando já tinha 19.

Lembro que certa vez uma amiga me disse que minha vida era perfeita, aquilo me ofendeu tanto, e minha revolta era comigo, não com ela, pensava nas inúmeras vezes em que quis desistir de tudo, nas horas em que administrar, curso, trabalho, inglês, faculdade pesou muito e chorei sozinha no meio da Sé as 7:00 da manhã de um sábado e mesmo assim fui fazer tudo que precisava, dei bom dia, sorri, fiz trabalho em grupo. Por dentro eu estava destruída. 

Sempre achei que falar não solucionaria o problema, então era uma exposição sem nenhuma necessidade. 
Não tenho problemas em dizer te amo, menos ainda em revelar que não gosto de alguém.
A questão fica nas nuances de tudo isso, o máximo de resposta negativa que você vai ter ao me perguntar se está tudo bem é "caminhando", e sempre atribuí isso ao fato de achar que a vida tem um modo operante que sempre nos favorece, somos construídos por nossos experiências (boas e ruins). 
Conversei uma vez com minha analista sobre isso, se expor para alguém é se desnudar para essa pessoa e isso é muito mais difícil do que tirar a roupa.

Entregar nossas fraquezas, revelar nossos medos mais simples é oferecer ao outro um poder enorme sobre nós, e isso é assustador, mas não deveria nos fazer esquecer que é uma das formas mais bonitas de se revelar para alguém. (As vezes eu esqueço.) 

Onze Horas - Saulo Duarte e a Unidade 


Nenhum comentário:

Postar um comentário